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terça-feira, 24 de abril de 2012

O CERTO OU O DUVIDOSO?


Há muitos casos de pessoas que perderam/perdem a bênção de Deus por não vigiar. Esaú, filho de Isaque foi um exemplo disso. Ele era o primogênito de seu pai e, como tal, tinha direito a uma bênção especial e receber porção dobrada da herança diferente do seu irmão Jacó. Entretanto, perdeu esse direito e sofreu muitos prejuízos, porque num momento de provação, tomou a decisão errada.

Para entender melhor o que pode nos levar a perder a bênção, trocando o certo pelo duvidoso, seria bom se você lesse o texto de Gênesis 25:29-34.

O primeiro grande alerta deve se acender em nós quando o cansaço nos domina. A Bíblia diz que Esaú veio “esmorecido do campo” e isso certamente o deixou vulnerável.

O cansaço, o stress tira o nosso equilíbrio. Quando estamos esgotados (excesso de trabalho, de preocupações, decepções acumuladas), devemos evitar tomar decisões sem ouvir a Deus e aos nossos líderes. Sob pressão, estamos mais propícios a errar.

Muitas vezes, a estratégia do inferno é nos esgotar, levando-nos a gastar nossa energia em coisas infrutíferas ou apenas com os negócios deste mundo. Assim, quando menos esperamos, somos surpreendidos pelas tentações e não temos forças para reagir.

Sempre haverá alguém nos fazendo uma sugestão que tirará de nós o que temos de valor na real. Satanás sempre tenta nos atrair pros seus atalhos. Se não guardamos nosso coração nos princípios da Palavra de Deus, acabaremos errando o caminho.

Um cristão maduro é alguém que aprendeu a agir por princípios e não por necessidades ou desejos. Precisamos construir as bases da nossa vida sobre a solidez dos valores de Deus, revelados em sua Palavra. Mais do que isso, precisamos ouvir nossos líderes espirituais, pessoas mais maduras que nós, que podem nos ajudar a discernir melhor as propostas que a vida nos apresenta. É sempre bom ouvir alguém que tenha firmeza em Deus e não esteja envolvido emocionalmente na situação, antes de tomarmos decisões sérias em nossa vida.

Depois de ouvir as propostas do enganador Jacó, Esaú se expôs ainda mais ao aumentar tanto seus problemas. No versículo 32, ele diz: “estou a ponto de morrer”. É admissível que ele estivesse com fome e também com vontade de comer. A necessidade e o desejo se juntaram contra sua espiritualidade, mas ele exagerou no valor que deu ao que estava sentindo e acabou convencendo sua própria alma de que não podia esperar.

Cuidado quando o sofisma “eu não aguento mais” quiser tomar o seu coração. Muitos ministérios são abandonados e princípios são quebrados na vida de muita gente boa por causa dessa mentira.

Esaú, entregando-se aos gritos de sua alma, disse: “De que me serve a primogenitura” (vs. 32b). Por essa frase ele revelou não dar valor à bênção de Deus. O que ele queria era ter sua vontade própria suprida naquele momento, sem pensar que no futuro o respaldo do Senhor lhe faria falta... Devemos lembrar que aquilo que semeamos hoje, colheremos amanhã!

Nunca desista daquilo Deus plantou em seu coração. Mesmo que você se sinta no limite, persevere em fazer a coisa certa. A Bíblia afirma que não nos sobrevém tentação acima das nossas forças e que, junto com as provas, Deus nos dá o escape (I Co 10:13). Portanto, não pare de lutar! Lembre-se que Jesus foi andando sobre as águas para socorrer discípulos que remavam contra a tempestade, ainda que cansados. Tenha certeza: antes que realmente se esgotem suas forças, o Senhor virá!  

Esaú tinha um guisado diante de si (um elemento natural) e a bênção da primogenitura (uma riqueza espiritual). Ao escolher o natural e desprezar o espiritual, ele por tabela desprezou ao Senhor e acabou colhendo frutos terríveis dessa decisão.

A grande lição é que não vale à pena trocar o certo pelo duvidoso. Ainda que estejamos espremidos pelas necessidades ou a ponto de explodir pelos nossos desejos, é melhor permanecer firme nos valores que garantem a bênção de Deus.

Nossas decisões têm repercussões para o resto de nossas vidas e atingem também outras pessoas. Portanto, é melhor tomá-las de acordo com o plano de Deus. Afinal, uma paixão, um prazer, o dinheiro ou qualquer coisa desse mundo pode nos suprir por algum tempo, mas somente a sua bênção pode garantir que seremos realmente felizes.

terça-feira, 17 de abril de 2012

RESGATANDO DESISTENTES

“E disseram um ao outro: Porventura, não nos ardia o coração, quando ele, pelo caminho, nos falava, quando nos expunha as Escrituras?” (Lucas 24:32)

No exercício do evangelho, é normal termos que investir tempo e esforços pra recuperar pessoas que desanimaram ou desistiram da fé. Facilmente encontramos irmãos com discursos e sentimentos estranhos, assumindo comportamentos que os tornam irreconhecíveis diante do que vimos ser um dia no exercício da fé.

A tarefa de restauração é um desafio, principalmente quando o motivo que os levou a desistência esta relacionado ao líder.

O encontro de Jesus com os dois discípulos desistentes que voltavam a Emaús (lc 24:13-36) nos ajuda a compreender essas crises e tomar a postura adequada, pra que a restauração aconteça e o problema seja vencido.

Quando lemos a historia, claramente percebemos a alma daqueles dois discípulos. Estavam decepcionados e tristes porque não entederam o episodio da cruz. O que seu líder Jesus havia feito não cabia em sua capacidade de compreensão e o resultado agora era frustração, revolta, desistência... Aquele que era até então seu modelo, transformou-se na sua grande decepção, não pq tivesse feito alguma coisa que merecesse essa reação, mas pq eles não tinham maturidade para aceitar suas escolhas.

A primeira coisa que Jesus faz para trazer de volta o coração precioso, mas doente destes homens é se aproximar, visitar a realidade deles. A palavra diz que “o próprio Jesus aproximou-se e ia com eles” (vs.15)

Muitos pastores perdem ovelhas preciosas por não terem a disposição de fazer esse trajeto. Ao saberem da desistecia de alguém, logo se posicionam como juízes e esperam uma reação espontânea de arrependimento. De longe, resolvem esperar (uma espera que muitas vezes não tem fim).

Ao se aproximar de seus discípulos, antes de falar, Jesus faz questão de ouvi-los. Mais do que isso, o Mestre os instiga a revelar seus sentimentos, mostrar seus corações (Vs. 17-26).

Muitas vezes temos uma dificuldade enorme em ouvir, ainda mais quando o que esta sendo dito é contrario ao que cremos. No entanto, essa é uma virtude que todo líder precisa desenvolver. É no exercício dela que se conquista (ou reconquista) a confiança, revelamos o valor das pessoas e discernimos onde esta o problema e qual o remédio adequando para tratá-lo.

Depois de ouvir, o coração daqueles homens começa a desentulhar. Embora fosse bastante firme em sua exortação, nao dando margem para que os desistentes pensassem ter ganhado mais um parceiro para sua revolta interior, o Senhor não se perdeu em argumentos humanos , não deixou que o conflito pendesse para o lado pessoal, mas passou a ministra-los baseado pura e exclusivamente em verdades biblicas (vs. 27). Mas perceba que Ele o fez de forma apaixonada e espiritual, nao legalista, ao ponto de depois dos dois discípulos reconhecerem que lhes "ardia o coração" enquanto Jesus "expunha as escrituras' (vs. 32).

Acho bastante interessante o fato de que o mestre, após ter falado tudo que eles precisavam ouvir, "fez menção de passar adiante" (vs.28). Isso me revela a postura de um lider espiritual. Ele exorta, fala a verdade em amor, mas nao coage, ou pressiona, nao usa de ameaças, mas apenas espera que a palavra de Deus desperte uma reação no coração desistente. No caso especifico dos discipulos de Emaus, deu certo, tanto que ao sentir que ´perderiam aquela doce companhia, pediram que o Senhor entrasse em sua casa e permanecesse com eles (vs.29).

Naquele momento se revelou uma reação positiva no coração daqueles que estavam se perdendo. Ao manifestarem o desejo de receber mais, eles deram espaço para a restauração e aí Jesus lhes conquistou plenamente com um gesto simples, mas profundo: comunhão. Ao partir o pão com eles a mesa, o Senhor deixou claro que estava alí por um relacionamento que se baseava, nao em circunstancias, mas em aliança e disposição de recebe-los de volta, amando-os, sem restrições ou revanchismos.

Missão cumprida! Aqueles que haviam desistido, estavam restaurados e agora podiam fazer coro com os da fé, com os que estão sempre dispostos a resgatar mais alguém...

terça-feira, 10 de abril de 2012

ESCRAVO DO PECADO

A existência do pecado tornou necessário o plano de salvação de Deus em Cristo.
É muito importante que entendamos a dinâmica do pecado, ou seja, o processo pelo qual ele se estabelece na vida de alguém.
Tiago diz em sua epístola que somos tentados por nossa propria concupiscência, ou seja, nossos desejos interiores. Nosso maior inimigo não está longe de nós (satanás e o mundo), mas perto (nossa carne) que é uma força que opera em nós e milita contra a natureza de Deus, recebida através do  Espirito Santo.
Essa carnalidade com a qual teremos que lutar até nossa completa redenção, seja pela morte ou pela volta de Jesus, opera em três frentes, segundo o apostolo joão:
 "a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida" (1 jo 2:16).
Em outras palavras, os desejos gerados pelos nossos apetites humanos, os desejos despertados por aquilo que vemos e o orgulho, que quando nao dominados, nos levam à queda.
Paulo por sua vez quando escreveu Romanos 7, não estava tendo um dia ruim, ele não estava sofrendo de um terrível senso de imperfeição ou passando por uma crise de baixo autoestima. A avaliação realista que o apostolo Paulo fez de sua própria vida espiritual, vai na direção oposta as expectativas elevadas e santas que Deus tem para cada um de nós, aquilo que o livro de romanos chama de lei (Rm 7.7). Assim quanto mais Paulo se conscientizava daquilo que Deus desejava dele, mais convencido ele ficava de sua incapacidade e impotência para viver em conformidade com a vontade de Deus
 "Pois o que faço, nao o entendo; porque o que quero, isso não pratico; mas o que aborreço, isso faço."(Rom 7.15)
Paulo estava disposto a olhar o nível mais profundo do seu ser e examinar o que estava oculto em seu interior. O que ele viu em si mesmo não era agradável, porem verdadeiro: ele era escravo do pecado. Na realidade ele percebeu que nada de bom havia em sua carne (Rm 7.18) - um fato que o fez afirmar a sua própria miséria (Rm 7.24).
É como se houvesse dois ímãs dentro de nós, um nos puxando para a comunhão com Deus e outro nos conduzindo a pecar. São duas naturezas que militam uma contra a outra. A vitoria é determinada pela força que cada um tem (elas podem crescer ou diminuir) e pelos ambientes  e situações a que nos expomos. Melhor explicando, se cultivarmos nossa vida espiritual e evitarmos cenarios de pecado, temos uma chance maior de manter a santidade. Se, por outro lado; alimentarmos nossa carnalidade e nos expomos ao pecado, certamente cairemos.
A única resposta para a condição miserável de Paulo - e por extensão para a nossa também - é Jesus Cristo (Rm 7.25). Somente Jesus torna possível ao homem cumprir integralmente as exigências de um Deus santo (Rm 8.3-4). Desta forma a honestidade de Paulo o conduziu a esperança.
A atitude de Paulo nos serve como exemplo. Através da confissão, nós podemos encontrar o perdão de Deus, se negarmos a nossa verdadeira condição, estaremos nos enganando e nos sentenciando a viver sob a escravidão do pecado (1 Jo 1.8-10). Admitindo nossa fraqueza, nós podemos achar Sua força.

terça-feira, 3 de abril de 2012

DECEPCIONADO CONSIGO MESMO

O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, se propício a mim, pecador! Lucas 18:13
Me sentir decepcionado comigo mesmo pode ser o indicativo do quão perto estou de Deus ou, pelo menos, do caminho que me leva a Sua presença. Pode parecer estranho para alguns, mas a santidade em nossas vidas só é possível através de um constante arrependimento e isso só é possível quando sentimos vergonha de nós mesmos.
Habitualmente, imaginamos que os homens santos são aqueles que vivem em paz, descansados em sua impecabilidade. No entanto, a ausência de conflitos internos costuma ser mais sinal de uma estagnação ou mesmo de um recuo em nosso relacionamento com o Senhor do que da ausência de erros a corrigir.
Quando mais nos aproximarmos de Deus, mais intensamente sua luz nos constrangerá. Quando não encontramos carnalidade em nossa vida, provavelmente isso seja mais resultado da falta de luz do que da ausência de erros. Eles estarão lá. Só não fomos iluminados suficientemente para percebê-los.
Tudo é uma questão de referência. Quando nos observamos a partir do que fomos um dia, talvez nos sintamos santos e espirituais. A não ser que tenhamos saído dos trilhos ou Deus não tenha operado em nossas vidas, é isso mesmo que deve acontecer. Chegamos à presença do Senhor cheios de pecados grosseiros, que logo foram denunciados pela luz e tratados. Portanto, em relação ao que fomos, pode ser que tenhamos avançado muito e já apresentemos muitas marcas da ação do Espírito Santo em nossas vidas. O problema está em permitirmos que essas obras de justiça que já temos, façam sombra em nosso coração, nos impedindo de ver o que ainda não vimos.
Outra perspectiva equivocada é nos compararmos com os outros. Haverá sempre alguém com a carnalidade em evidência para nos fazer sentir as pessoas mais santas do mundo.

Jesus contou em Lucas 13:9-14 uma parábola muito objetiva sobre o assunto. Sua intenção, segundo o texto bíblico, era confrontar “alguns que confiavam em si mesmos, por se considerarem justos, e desprezavam os outros” (vs. 9). Os personagens são um fariseu e um publicano. Ambos subiram ao templo para orar, ou seja, queriam desenvolver um relacionamento com Deus.
As semelhanças param por ai. Acho interessante a expressão usada para o fariseu, que “orava de si para si mesmo” (vs. 11). Ela me sugere algumas ideias. Em primeiro lugar, seu ego era enorme. Ele parecia sentir-se o centro do Universo. Tudo o que tinha a expressar diante de Deus eram suas aparentes qualidades e supostos direitos. Ao abrir a boca ele falava de si.
Mais interessante é a denúncia de que ele orava (falava) de si para si mesmo. Sua comunicação não atingia o coração de Deus, não chegava ao céu por estar carregada de orgulho. Ele dizia: “Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano” (vs.11). Perceba que ele se comparava aos que apresentavam pecados grosseiros e aparentes em suas vidas e sentia-se muito santo.
Seu engano se fortalecia no fato dele apresentar suas ações como prova de santidade. Ele gabava-se, dizendo: “jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho” (vs. 12). Ou seja, suas obras de justiça faziam sombra em seu coração para que ele não enxergasse pecados mais sutis, mas tão destrutivos quanto os que ele denunciava nos outros.
O publicano, por sua vez, “não ousava nem ainda levantar seus olhos ao céu, mas batia no peito dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador” (vs. 13).
Qual grande diferença entre esses dois homens? A esperança pela qual eles se mediam. Um, erroneamente, se comparava aos homens; o outro, acertadamente, expunha-se a Deus. Isso o levava a assumir a condição de pecador e a humilhar-se diante dEle, clamando por misericórdia (único argumento que realmente pode nos manter em pé diante do Senhor).
Jesus termina seu ensino dizendo que o publicano “desceu justificado para casa” e o fariseu não (conf. vc. 14). A grande questão entre eles dois era o sentimento que tinham a respeito de si mesmos. Um vivia orgulhoso de seus atos. O outro decepcionado consigo mesmo, clamava por perdão e mudanças.
Creio que aqui está a grande chave para nossas vidas. Há muitas coisas em nós que, diante de Deus, serão denunciadas como pecados. São sentimentos, motivações, pensamentos, reações, hábitos, insensibilidade e até mesmo atitudes grosseiras que estão fora da vontade de Deus, ainda que ninguém ou pouca gente as perceba. Basta se expor na luz e as perceberemos. E aí, decepcionados e envergonhados, quem sabe encontraremos o caminho para descer justificados à nossa casa...