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terça-feira, 17 de abril de 2012

RESGATANDO DESISTENTES

“E disseram um ao outro: Porventura, não nos ardia o coração, quando ele, pelo caminho, nos falava, quando nos expunha as Escrituras?” (Lucas 24:32)

No exercício do evangelho, é normal termos que investir tempo e esforços pra recuperar pessoas que desanimaram ou desistiram da fé. Facilmente encontramos irmãos com discursos e sentimentos estranhos, assumindo comportamentos que os tornam irreconhecíveis diante do que vimos ser um dia no exercício da fé.

A tarefa de restauração é um desafio, principalmente quando o motivo que os levou a desistência esta relacionado ao líder.

O encontro de Jesus com os dois discípulos desistentes que voltavam a Emaús (lc 24:13-36) nos ajuda a compreender essas crises e tomar a postura adequada, pra que a restauração aconteça e o problema seja vencido.

Quando lemos a historia, claramente percebemos a alma daqueles dois discípulos. Estavam decepcionados e tristes porque não entederam o episodio da cruz. O que seu líder Jesus havia feito não cabia em sua capacidade de compreensão e o resultado agora era frustração, revolta, desistência... Aquele que era até então seu modelo, transformou-se na sua grande decepção, não pq tivesse feito alguma coisa que merecesse essa reação, mas pq eles não tinham maturidade para aceitar suas escolhas.

A primeira coisa que Jesus faz para trazer de volta o coração precioso, mas doente destes homens é se aproximar, visitar a realidade deles. A palavra diz que “o próprio Jesus aproximou-se e ia com eles” (vs.15)

Muitos pastores perdem ovelhas preciosas por não terem a disposição de fazer esse trajeto. Ao saberem da desistecia de alguém, logo se posicionam como juízes e esperam uma reação espontânea de arrependimento. De longe, resolvem esperar (uma espera que muitas vezes não tem fim).

Ao se aproximar de seus discípulos, antes de falar, Jesus faz questão de ouvi-los. Mais do que isso, o Mestre os instiga a revelar seus sentimentos, mostrar seus corações (Vs. 17-26).

Muitas vezes temos uma dificuldade enorme em ouvir, ainda mais quando o que esta sendo dito é contrario ao que cremos. No entanto, essa é uma virtude que todo líder precisa desenvolver. É no exercício dela que se conquista (ou reconquista) a confiança, revelamos o valor das pessoas e discernimos onde esta o problema e qual o remédio adequando para tratá-lo.

Depois de ouvir, o coração daqueles homens começa a desentulhar. Embora fosse bastante firme em sua exortação, nao dando margem para que os desistentes pensassem ter ganhado mais um parceiro para sua revolta interior, o Senhor não se perdeu em argumentos humanos , não deixou que o conflito pendesse para o lado pessoal, mas passou a ministra-los baseado pura e exclusivamente em verdades biblicas (vs. 27). Mas perceba que Ele o fez de forma apaixonada e espiritual, nao legalista, ao ponto de depois dos dois discípulos reconhecerem que lhes "ardia o coração" enquanto Jesus "expunha as escrituras' (vs. 32).

Acho bastante interessante o fato de que o mestre, após ter falado tudo que eles precisavam ouvir, "fez menção de passar adiante" (vs.28). Isso me revela a postura de um lider espiritual. Ele exorta, fala a verdade em amor, mas nao coage, ou pressiona, nao usa de ameaças, mas apenas espera que a palavra de Deus desperte uma reação no coração desistente. No caso especifico dos discipulos de Emaus, deu certo, tanto que ao sentir que ´perderiam aquela doce companhia, pediram que o Senhor entrasse em sua casa e permanecesse com eles (vs.29).

Naquele momento se revelou uma reação positiva no coração daqueles que estavam se perdendo. Ao manifestarem o desejo de receber mais, eles deram espaço para a restauração e aí Jesus lhes conquistou plenamente com um gesto simples, mas profundo: comunhão. Ao partir o pão com eles a mesa, o Senhor deixou claro que estava alí por um relacionamento que se baseava, nao em circunstancias, mas em aliança e disposição de recebe-los de volta, amando-os, sem restrições ou revanchismos.

Missão cumprida! Aqueles que haviam desistido, estavam restaurados e agora podiam fazer coro com os da fé, com os que estão sempre dispostos a resgatar mais alguém...

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